“Black Summer” corta entre duas cenas em suas páginas abertas. No primeiro, o super-herói aposentado Tom Noir se olha no espelho do banheiro, lamentando sua idade. Coisas bem comuns, até que ele liga a CNN e vê a outra metade da abertura. O antigo camarada de Noir, John Horus, marcha até a sala de coletivas de imprensa da Casa Branca, coberto de sangue e anunciando que matou o presidente, o vice-presidente e seu gabinete.
Ellis e Ryp publicaram “Black Summer” em 2007. Como qualquer membro do público norte-americano com cérebro ou alma fez naquele ano, Horus percebeu que a invasão do Iraque em 2003 foi ilegal e começou sob falsos pretextos. Então, ele cortou a cabeça desta cobra e declarou que supervisionará uma nova eleição para tornar o certo as pessoas assumem o cargo desta vez.
“Superman assassina o governo George W. Bush” é uma das premissas de quadrinhos mais impressionantes que já ouvi. É ainda mais fascinante porque Hórus tem não tornou-se mau como o Plutoniano ou o Homelander. Não, ele ainda acredita que é o maior herói do mundo e que seu trabalho é combater o mal em todas as suas formas. A contradição entre os líderes da América, o país cujo sonho ele defendeu, fazendo algo totalmente hediondo o quebrou. Em qualquer outro caso, ele não hesitaria em derrubar um criminoso de guerra, então por que o criminoso de guerra, sendo o presidente, deveria fazê-lo agir de forma diferente?
Se você é um liberal, pode haver alguma catarse sombria nessa abertura. Ellis, porém, apresenta Hórus não como um salvador, mas apenas como um Lee Harvey Oswald superpoderoso. O resto de “Black Summer” não é sobre ele refazer o mundo como Miracleman fez, mas sobre autoridades federais caçando Horus, Noir e seus outros companheiros de equipe nos “Seven Guns”.
Nos quadrinhos de Warren Ellis, os super-heróis nunca são a solução para um problema que as pessoas devem resolver.
“Black Summer” está disponível em uma edição impressa única.